"Durante 36 anos trabalhamos praticamente juntos. Durante tantos anos compartilhamos de lutas culturais, ideológicas, e profissionais. Foram anos e anos de muitos sacrifícios, de muitos sonhos e muitos ideais, sempre foi um exemplo de dignidade, honestidade, trabalho dedicado ao próximo. Como médico dirigente, Superintendente da antiga SUCAM, Secretário Estadual de Saúde, Secertário Municipal de Saúde, Chefe do Núcleo Estadual do antigo SNI, sempre teve o equilíbrio a nortear suas atitudes, suas decisões, mesmo nos momentos mais cruciantes e difíceis da vida brasileira e dos acreanos.
A ele deve-se a instalação do primeiro Pronto Socorro do Estado onde mesmo como Secretário de Estado tirava plantões para verificar as falhas, e deficiências, as dificuldades dos colegas para tentar melhorar mais e mais o atendimento emergencial em nosso Estado.
A ele devem muitas e muitas figuras políticas, não terem sidos cassadas pela revolução de 64. As denuncias vazias (já naquela época), deduragem, por deduragem, por vingança pessoal, chovia sobre a mesa do Chefe do Núcleo Estadual do SNI, e ele jamais deu andamento naquelas em que não encontrava elementos sólidos que justificassem medidas extremas.
Não me recordo de ter dado andamento em nenhuma daquelas denuncias, pelo contrário. Cansou de justificar comportamentos tido como incompátiveis com a mentalidade predominante a época.
Como médico jamais deixou de atender os que o procuravam, era um apóstolo da medicina, onde desenvolvia seu sacerdócio.
Amigo dos verdadeiros amigos, não cansava de sempre ter uma palavra de orientação, de ensinamento, um exemplos para ilustrar seus posicionamentos.
Quando perdeu um de seus filhos, em fatídico acidente automobilístico, sofreu um impacto muito grande, tão grande que o foi consumindo a olhos vistos, lenta mais inexorávelmente.
Passou a viver ao lado de sua esposa Maria do Socorro, em função do outro filho, André, agora concluindo em Brasília seu curso de Direito.
Como professor de Medicina Legal da Faculdade de Direito do Estado do Acre, como mestre da então cadeira de Estudos dos Problemas Brasileiros, como membro do Conselho Federal de Medicina, como criatura humana, sempre saiu-se com maestria.
Queria a todos, e por todos era querido!
Chegada sua hora, como de todos os mortais, desencarnou sem poder assistir a formatura de seu único filho, agora seu maior sonho. Partiu dessa vida terrena, meu amigo, meu irmão Edilberto Parigot de Souza Filho. O Estado do Acre perde um exemplo de tudo que poderia existir de bom em um de seus filhos (por adoção) e o povo acreano, mormente aqueles que tiveram a felicidade de compartilhar de sua convivência, passaram a viver um vazio, com o próprio vácuo onde faz falta alguma coisa, faz flata alguém.
Orgulhe-se André, de seu pai, tenha sempre em mente o comportamento, o exemplo dignificante que ele nos proporcionou. Antes de tomar qualquer atitude durante sua trajetória pelo planeta terra, faça a pergunta: como agiria meu pai em tal situação? Agindo como ele agiria estará agindo absolutamente correto.
Siga sua trajetória Parigot, os orientadores espirituais terão muito pouco trabalho em encaminhá-lo na vida espiitual até uma nova encarnação.
Que os guardiões do amor, da fraternidade, da lealdade, encontrem em você mais uma auxiliar na missão de orientar os rebeldes, os irresponsáveis, os contrários as leis do PAI onde o norte deve ser sempre o amor.
Obrigado por tudo que nos ensinou e perdoe pelas aulas que não absorvemos como sempre foi o seu desejo.
Até um próximo encontro!!"
Sérgio Quintanilha (advogado e jornalista)
maio/2000